UM CASO DE INGRATIDÃO
A história que eu vou contar, é
assaz interessante. Mas é para quem acredita que existe a reencarnação. Quem
nela não acredita, vai achar que é ficção. Mas ela é muito real, embora os
protagonistas sejam mesmo imaginários, sendo só ilustração do que realmente
acontece. Mas pessoas como um deles, existe e existe muito. Mas só que não são
notadas, pela grande maioria, das pessoas que hoje em dia, acham que é coisa de
otário.
Esta história é a de um
cristão, que veio para a cidade, deixando lá no Sertão, um exemplo de bondade.
Na cidade continuou, a demonstrar qualidades, que aprendeu com os seus pais, desde
a sua mocidade, na verdade muito antes, na sua primeira infância, aos primeiros
anos de idade.
O seu nome era Alberto, e
procurava andar certo. Fazia o bem a todos, reabilitava até, aquele que já não
tinha, mais nenhuma esperança.
Ele trabalhava muito, mas
ganhava muito pouco. Muitos o tinham por louco, pois do pouco que ganhava, para
si nem sempre usava. Preferia era auxiliar quem mais dele precisava. Ajudava muita gente,
moralmente, com conselhos, com palavras de incentivo, sempre levando um alívio,
e até algum dinheiro. A muitos ele ajudava, sem esperar recompensa, nem mesmo
agradecimento. Muitos até abusavam daquele desprendimento, e nem mesmo
agradeciam ao desfrutar de alimentos para os quais ele trazia.
Um de seus tutelados, de tão
ingrato que era, chegava parecer fera, quando ele não podia nenhum dinheiro lhe
dar. Seu nome era Donato.
Aconteceu que esse ingrato, um
dia desencarnou, "morreu", para quem não sabe que desencarnar é morrer. Mas só o corpo é
que morre. O espírito se liberta, a consciência desperta, e segue por regiões,
no mundo espiritual, vivenciando situações, para uns bem agradáveis, pra outros
desconfortáveis, e até muito terríveis, dependendo das ações as quais eles
praticavam, quando aqui na terra estavam. De acordo com seus níveis de evolução
do espírito, que quanto mais evoluído, melhor será recebido. Bem ao contrário
de outros que continuam atrasados, chegando lá, seu estado será muito dolorido.
Foi o caso de Donato, que aqui
era um ingrato. Ao chegar no outro lado, triste foi o seu estado, sofreu muito,
foi vaiado e a consciência pesada, lhe acusando o tempo todo, deixando-o muito
agoniado. Lembrava constantemente de quando estava na terra, do ingrato que ele
era, sempre lembrando de Alberto, que sempre o ajudava, mesmo quando
"simulava" precisar de alguma ajuda. Mas agora no outro lado,
percebeu que a coisa muda. Com a consciência desnuda, sem poder dissimular, foi
refletindo bastante, e por muito tempo ficou, sozinho a meditar. O remorso lhe
incomodava, arrependido ele estava, envergonhado também. Foi quando viu que
alguém, lhe estendia a mão. Mas logo estremeceu, quando afinal percebeu, que
Alberto mais uma vez lhe oferecia auxílio, inclusive no além. Alberto também
deixara esta terra de exílio, desencarnara também.
Frente a frente com Alberto,
não podendo esconder a sua ingratidão, foi aí que ele então, com a ajuda de
Alberto e dos demais benfeitores, do plano espiritual, passou a se reciclar,
pois estava em desespero. Estudou com muito esmero, agora determinado a reparar
o seu erro.
Muitos anos se passaram, nunca
mais se encontraram. Até que um certo dia, com profunda alegria, recebeu a
informação, de que já estava sendo, novamente programada a sua reencarnação.
Pois aqui reencarnaria, agora com outro nome, "Renato".
Aproveitou o momento, pediu e
fez juramento de que na terra haveria de reparar o que um dia, aqui fizera de
errado, no tempo em que era ingrato.
Alberto também voltaria
novamente a reencarnar, seu nome também mudaria, agora seria "Paulo".
Radiante estava Donato, não via
a hora da volta. Por fim chegou o grande dia que de volta ele viria, e o que
ele mais queria era se dedicar a Alberto, agora agindo certo, retribuindo com
"juros e correção monetária" o que com ingratidão recebera de
Alberto.
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Aqui agora começa, uma nova
etapa da história. Que fique em nossa memória, a lição que ela encerra. Agora
em nova existência, e também com novos nomes, os personagens acima, reencarnam
lá na serra, num município bem pobre, respectivamente
com os nomes, agora, "Renato" e "Paulo". Mas Paulo com
missão nobre, lá continua fazendo, o bem que sempre fazia. Agora com mais alto
grau de muito desprendimento, também de
discernimento. Pois agora era um empresário, muito bem conceituado, por ser
pessoa bondosa, apesar de muito rico. Não que se desdenhe os ricos, pois tem
rico que merece todo reconhecimento, por usar bem a riqueza que é concedida por
Deus, para o bem da humanidade. Oportunizando a instrução, através da
construção, de muitos educandários, e geração de empregos, que vem a
proporcionar, a muitos pais de família, o merecido salário. E ainda a
construção, de hospitais e estradas, proporcionando o progresso, encurtando as
distâncias, com diversas alternâncias. Essa riqueza abençoada, proporciona
também, desenvolver a ciência, e também a medicina que traz à humanidade
benefícios incontáveis, quando bem utilizada.
Voltemos aos personagens, que
agora naquela cidade, bem distante lá na serra, iam tocando suas vidas. Nenhum
conhecia o outro, ainda não era hora. Mas o tempo foi passando, Renato era
fazendeiro, ganhava muito dinheiro. Paulo, que então agora, era empresário
abastado, com uma fortuna nas mãos,
tinha mais obrigação de continuar desprendido.
Além de muitos empregos, gerados
por sua empresa, abastecia a mesa de muitos desempregados, através de uma
entidade filantrópica criada por ele mesmo, com muita habilidade, e muita
dedicação. Desta forma assim estava cumprindo a sua missão.
Renato, por sua vez, vivia no
interior. Era um rico fazendeiro, homem de fibra e coragem, muito estudado
também. Cursara na capital, três ou quatro faculdades, mas não queria ser
doutor. A sua maior paixão, era a lida do campo.
Num dia de muita chuva, em
deslocamento à cidade, nem sequer imaginava, que lá adiante numa curva, como
que por fatalidade, iria reencontrar, aquele que em outra vida, muito lhe
ajudava. Infelizmente, porém, o encontro foi lamentável. Num acidente bem feio,
numa curva da estrada, um carro todo amassado, e um homem lá estirado, em
gravíssimo estado. Num descuido do condutor, o carro desgovernou, derrapando lá
na curva.
Renato ao ver o homem, teve um
grande sobressalto, pois lhe pareceu conhecer aquele homem ali, estirado no
asfalto, inconsciente porém. Renato imediatamente, providenciou o socorro,
colocando-o no seu carro, levando-o ao pronto-socorro, que era na capital, pois
no município pobre, não havia nem hospital.
Durante todo o trajeto, Renato
muito apreensivo, indagava a si mesmo, quem seria aquele homem, que lhe
inspirava simpatia, apesar de ser aquela, a primeira vez que o via? Também
muito preocupado de não chegar bem a tempo de salvar o acidentado.
Enfim, na capital chegou, no
pronto socorro entrou, e ali entregou o homem, para o devido socorro. Mas teve
que preencher a ficha do paciente. E de posse dos documentos, agora sabia o
nome, "Paulo". Continuava intrigado, pois sentia conhecer o homem
acidentado. Na verdade o conhecia, mas quando reencarnamos, esquecemos o
passado. Mas a intuição permanece, facilitando a tarefa do nosso aprendizado,
para elevação do espírito, que deve evoluir, transformando o seu estado, de
espírito atrasado em espírito perfeito, mas para levar a efeito, necessário é
que reencarne centenas ou milhares de vezes.
Renato inconscientemente sabia,
que ajudar a Paulo devia. Até porque agora por ele, profunda afeição sentia.
Aflito ele esperava, o resultado dos exames pelos quais Paulo passava. Os
exames se repetiam, e o estado se agravava.
Renato preocupado estava, e pra
sua fazenda voltava, com mil conjeturas fazendo. Tentava se colocar no lugar
daquele homem, que agora considerava como sendo seu irmão. O que gostaria
ele se acaso se encontrasse em idêntica
situação?
Os dias foram passando, Renato
de vez em quando, visitava o seu amigo, pois profunda amizade já havia
entre os dois. Paulo se recuperara, do
traumatismo craniano, mas com sequela ficara, difícil de ser curada.
Finalmente teve alta, e para
casa voltou, com compromisso assumido de continuar se tratando, para amenizar a
sequela, que estava lhe incomodando. Mas estava preocupado. Em certos lapsos de
tempo, a memória lhe faltava. E isso lhe incomodava.
E ainda pra piorar, a sua
empresa estava, quase à beira da falência, talvez por incompetência, dos
diretores da mesma, que agora não conseguiam reverter a situação. Estava agora
impedido de encontrar a solução, devido o seu estado. Cada vez mais
deprimido, não via nenhuma chance, a não
ser um tratamento lá nos Estados Unidos.
Mas agora sem dinheiro
suficiente pra bancar, um tratamento oneroso, não sabia o que fazer, estava a
enlouquecer.
Mas Renato agora era, um ricaço
fazendeiro, e sem apego ao dinheiro.
Ofereceu ao amigo custear o seu
tratamento, sem lhe cobrar um centavo, pois sentia que era isso que precisava
fazer. Inconscientemente sabia do compromisso assumido antes de reencarnar, ser
o benfeitor de Alberto, que agora chamava-se Paulo.
E foi isso que ele fez, embora
Paulo relutasse, em depender da bondade de seu amigo Renato, que agora
redimido, insistia em lhe ajudar. Mas Paulo nem imaginava, que essa atitude
seria, a devolução daquilo que um dia, na reencarnação passada, a Renato (Donato) ele fazia, quando este ainda
era ingrato.
Por fim, Paulo aceitou o
auxílio do amigo, que ainda se prontificou de assumir o difícil cargo, de
administrador da empresa, que estava em má situação, pois das quatro faculdades
que na capital fizera, casualmente uma era, administração de empresas.
Paulo viajou tranquilo, pois
inconscientemente também, sabia poder confiar na competência de alguém, que
estava a lhe fazer bem. Pois Renato lhe inspirava absoluta confiança, pois sua
vida passava por extraordinária mudança.
Após quase um ano lá fora,
Paulo estava curado, e estava de regresso. Voltou para a sua cidade, já sabendo
do sucesso, da recuperação da saúde financeira da empresa, que poderia
continuar, a botar o pão na mesa dos muitos trabalhadores.
Muito agradecido a Renato,
propôs-lhe uma sociedade. Ampliariam a empresa, e ainda construiriam também
outra filial, naquele município pobre, que se beneficiaria muito, com empregos,
coisa e tal. Investiriam mais também, em ações de filantropia, fazendo com que
os habitantes que emprego não possuíam, pudessem amenizar a situação que
sofriam.
Renato, então dessa forma,
cumpria o que prometera, antes de reencarnar. Restituíra a Paulo o que dele
recebera na reencarnação passada, e não lhe fora agradecido. Estava então
preparado para desencarnar novamente, agora com seu dever devidamente cumprido.
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Concluindo esta história,
podemos ter a certeza de que qualquer benefício feito desinteressadamente, e
sem esperar reconhecimento, embora por vezes seja, pago com a ingratidão jamais
ele será perdido. Pois é uma sementinha, que no momento apropriado irá por
certo germinar, e ainda frutificar.
Fazendo o bem ao ingrato,
estaremos trabalhando para o bem dessa pessoa e para nós mesmos também.
Encerra-se aqui esta história,
e que a possamos reter, no fundo da nossa memória, o incentivo que ela dá, às
nossas ações no bem.
“ Nathalicio”
Parabéns Nathalicio por esse Conto maravilhoso. Apesar de já te-lo lido no seu Site do Recanto não pude me deter de reler novamente. Deus te abençoe.
ResponderExcluirTambém parabenizo o Irmão Nathalicio. Já havia lido o conto no Recanto, e confesso que até chorei. Retrata a realidade de todos nós. A lei da Reencarnação. O amor e a caridade se fazendo presente, resgatando débitos do passado e preparando um futuro cheio de esperança. Deus o abençoe Irmão!
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